quinta-feira, 2 de junho de 2011

Discurso de formatura

UINTA-FEIRA, 12 DE AGOSTO DE 2010

Discurso de formatura por Nizan Guanaes

Dizem que conselho só se dá a quem pede. E, se vocês me convidaram para paraninfo, estou tentado a acreditar que tenho sua licença para dar alguns. Portanto, apesar da minha pouca autoridade para dar conselhos a quem quer que seja, aqui vão alguns, que julgo valiosos.
Não paute sua vida nem sua carreira pelo dinheiro. Ame seu ofício com todo o coração. Persiga fazer o melhor. Seja fascinado pelo realizar, que o dinheiro virá como conseqüência. Quem pensa só em dinheiro não consegue sequer ser nem um grande bandido, nem um grande canalha. Napoleão não invadiu a Europa por dinheiro. Hitler não matou 6 milhões de judeus por dinheiro. Michelangelo não passou 16 anos pintando a Capela Sistina por dinheiro. e geralmente, os que só pensam nele não o ganham. Porque são incapazes de sonhar. E tudo que fica pronto na vida foi antes construído na alma.

A propósito disso, lembro-me de uma passagem extraordinária que descreve o diálogo entre uma freira americana cuidando de leprosos no Pacífico e um milionário texano. O milionário, vendo-a tratar daqueles leprosos, disse: "Freira, eu não faria isso por dinheiro nenhum no mundo". E ela responde: "Eu também não, filho".

Não estou fazendo com isso nenhuma apologia à pobreza, muito pelo contrário. Digo apenas que pensar e realizar tem trazido mais fortuna do que pensar em fortuna.
Meu segundo conselho: pense no seu país. Porque, principalmente hoje, pensar em todos é a melhor maneira de pensar em si. Afinal, é difícil viver numa nação onde a maioria morre de fome e a minoria morre de medo. O caos político gera uma queda de padrão de vida generalizada. Os pobres vivem como bichos e uma elite brega, sem cultura e sem refinamento, não chega a viver como homem. Roubam, mas vivem uma vida digna de Odorico Paraguassu.
Meu terceiro conselho vem diretamente da Bíblia: "Seja quente ou seja frio, não seja morno que eu te vomito". É exatamente isso que está escrito na carta de Laudicéia: seja quente ou seja frio, não seja morno que eu te vomito. É preferível o erro à omissão; o fracasso, ao tédio; o escândalo, ao vazio. Porque já vi grandes livros e filmes sobre a tristeza, a tragédia, o fracasso. Mas ninguém narra o ócio, a acomodação, o não fazer, o remanso. Colabore com seu biógrafo: faça, erre, tente, falhe, lute. Mas, por favor, não jogue fora, se acomodando, a extraordinária oportunidade de ter vivido.
Tenho consciência que cada homem foi feito para fazer história. Que todo homem é um milagre e traz em si uma evolução. Que é mais do que sexo ou dinheiro. Você foi criado para construir pirâmides e versos, descobrir continentes e mundos, caminhando sempre com um saco de interrogações na mão e uma caixa de possibilidades na outra.
Não use Rider: não dê férias a seus pés. Não se sente e passe a ser analista da vida alheia, espectador do mundo, comentarista do cotidiano, dessas pessoas que vivem a dizer: "Eu não disse? Eu sabia!"
Toda família tem um tio batalhador e bem de vida que, durante o almoço de domingo, tem que agüentar aquele outro tio muito inteligente e fracassado contar tudo o que faria, se fizesse alguma coisa. Chega dos poetas não publicados. Empresários de mesa de bar. Pessoas que fazem coisas fantásticas toda sexta à noite, todo sábado e domingo, mas que na segunda não sabem concretizar o que falam. Porque não sabem ansiar, não sabem perder a pose, não sabem recomeçar. Porque não sabem trabalhar. Eu digo: trabalhem, trabalhem, trabalhem. Das 8 às 12, das 12 às 8, e mais, se for preciso. Trabalho não mata. Ocupa o tempo. Evita o ócio, que é a morada do demônio, e constrói prodígios.
O Brasil, este país de malandros e espertos, da vantagem em tudo, tem muito que aprender com aqueles trouxas dos japoneses. Porque aqueles trouxas que trabalham de sol a sol construíram, em menos de 50 anos, a 2ª maior megapotência do planeta, enquanto nós, os espertos, construímos uma das maiores impotências do trabalho. Trabalhe! Muitos de seus colegas dirão que você está perdendo sua vida, porque você vai trabalhar enquanto eles veraneiam. Porque você vai trabalhar, enquanto eles vão ao mesmo bar da semana anterior, conversar as mesmas conversas; mas o tempo, que é mesmo o senhor da razão, vai bendizer o fruto do seu esforço, e só o trabalho lhe leva a conhecer pessoas e mundos que os acomodados não conhecerão.
E isso se chama "sucesso".

Nizan Guanaes (Publicitário, fundador do IG e das agências publicitarias do Grupo ABC), discursando como paraninfo na formatura de uma turma na FAAP

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Escolha do amor

As minhas batalhas do dia a dia, são vencidas porque Deus tem cuidado de mim, em diversas situações, nas pequenas e nas grandes também. E é por depoimento e texto como estes, que o caminho apesar de longo e difícil se torna mais fácil e menos dolorido. "Esquecendo-me das coisas que para trás ficam, prossigo para o alvo".

Feliz aniveeeeersário mãezinha linda, tudo de melhor que existe nesse mundo pra você, porque a gente merece hahaha, mas falando sério agora, você sabe não é sempre que nós somos mil amores com a outra, na verdade é muito "pega pa capa", mas me diz que mãe e filha não é assim? Mas apesar de todas as diferenças e semelhanças, temos uma coisa que não temos no que descordar, nos amamos incodicionalmente, apesar de todas as dificuldades que a vida nos impõem, estamos juntas, "porque quando a casa cai, não da pra fraquejar", e apesar de talvez você não saber disso direito, agora vai saber, eu vou estar ao seu lado em qualquer hora, boa ou triste, pra te dar força e te ajudar no que eu puder. Sei que talves eu não seja e filha exemplar e direitinha, mas você tenha certeza que tem uma filha companheira e que não vai abrir mão de você jamais, que é disposta à ir ao inferno com você se preciso for. Porque apesar de tudo, você é minha mãe, eu daria a minha vida por você, eu te amo mais que tudo nesse mundo...
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05/11/09Mayara
... você não é apenas quem me deu a vida, e sim quem me ensinou como é a vida, não me mostrando o que era fácil e sim o que era certo, que me acompanhou e cuidou de mim, durante os meus 16 anos, que é minha amiga, meu porto-seguro, meu ombro amigo, minha risada, minha rotina, meu tudo. Eu sei que não foi/é fácil me criar :x mas sei também que eu tenho a melhor mãe do mundo, que não da tudo o que eu quero, mas que me da tudo o que eu preciso. Que me ensina que quando a gente quer algo, a gente luta, quando a gente tem um sonho, a gente batalha por ele. Eu sou o que sou hoje graças a você, e eu me sinto honranda em saber que você tem orgulho de mim, porque eu me insipiro em você, aprendendo todos os dias. Então eu só queria te agradecer, por ser tudo o que você é pra mim, EU TE AMO jamais esqueça disso, parabéns mamãe, muita alegria, paz, saúde, amor e dinheiro
Escolha do amor
Pessoas que têm certezas absolutas erram mais

Todos os dias fazemos escolhas em nossas vidas. Algumas escolhas são
simples; outras, mais complexas. Escolhemos a roupa, o sapato, a
alimentação, o trajeto. Escolhemos a escola, o trabalho, as prioridades.
Como não é possível resolver todos os problemas de uma única vez, vamos
escolhendo aqueles que precisam ser solucionados antes. Escolhemos no
supermercado, na loja, a forma de pagamento. Algumas escolhas simples ficam
complicadas quando complicamos a vida. Fazer um almoço se torna um calvário
para quem está angustiado. Ter de escolher o que fazer e que agrade às
outras pessoas da família parece um trabalho insano.

Escolher a escola dos fihos. Escolher a mudança de emprego. Aos poucos as
escolhas vão exigindo mais reflexão e o resultado da escolha vai ficando
mais sério. Uma coisa é escolher a comida errada no cardápio e decidir que
não vai pedir mais aquele prato. Outra coisa é perceber que casou com a
pessoa errada. A escolha do casamento tem de ser mais demorada do que a do
produto de uma prateleira em um supermercado.

Como somos imperfeitos, a dúvida sempre fará parte de nossas escolhas. E é
diante da dúvida que amadurecemos. Pessoas que têm certezas absolutas erram
mais e sofrem mais com isso.

A dúvida nos torna mais humildes, mais abertos ao diálogo. Nesses momentos
é que percebemos nossa maturidade frente aos obstáculos. Os mais concretos
ou os mais abstratos.

Neste início de ano, uma modesta sugestão:

Diante das dúvidas que surgirem, escolha o amor.

Diante de sentimentos mesquinhos, como a inveja, o ciúme, a vingança;
escolha o amor. Antes de falar, pense. Mas pense com amor.
Antes de agredir, lembre-se de que o tempo da cicatriz é mais demorado do
que o tempo do comedimento.

Antes de usar a palavra como instrumento de maldizer, lembre-se de que o
silêncio é o grande amigo e de que, na dúvida, o outro deve receber a sua
compaixão.

Diante do comodismo, da alienação, escolha o amor em ação. Assim fizeram os
apóstolos, mesmo sabendo que seriam incompreendidos; assim fez Francisco de
Assis quando ousou chamar a todos de irmãos; ou Dom Bosco com os jovens que
só se aquietavam quando se sentiam amados. Assim fez Madre Tereza de
Calcutá que fazia a escolha do amor diante de cada próximo que dela
precisasse. Diante da boa dúvida, é bom pedir ajuda.

Para os irmãos e para Deus, a essência do Amor. Os desafios são muitos. É
por isso que sozinho fica difícil. Como diz a canção: "Eu pensei que podia
viver por mim mesmo. Eu pensei que as coisas do mundo não iriam me
derrubar".

E a oração continua e, com ela, nossa certeza: "Tudo é do Pai. Toda honra e
toda glória. É Dele a vitória alcançada em minha vida".

Que sejamos responsáveis em nossas escolhas simples ou mais complexas. Mais
uma vez, com amor, tudo fica mais fácil e mais bonito!


Um grande abraço!
Gabriel Chalita

sábado, 31 de outubro de 2009

Encontros & despedidas

A palavra gratidão em sua plenitude, deveria vir grifada no dicionário, como um lembrete para que não nos esqueçamos das pessoas que a vida coloca em nosso caminho. Expectativa também, deveria inclusive, ser ensinado desde a tenra idade. Se não esperamos nada dos outros, não nos frustramos.
Estou além das convenções que a sociedade impôs num conceito pré determinado de que temos que trilhar todos o mesmo caminho, e de que temos a mesma capacidade de discernimento. O que obviamente é uma furada. Se não aceito o outro como ele é, é melhor pegar minha viola, colocar na sacola e seguir em outra direção. Para isto nos relacionamos, movidos pelo que ponderemos ser certo, dentro do padrão condicionante em que fomos criados.
Padrão dado por nossos pais, pelo convívio social, pela normalidade das atitudes e nos deparamos todos os dias com informações diversificadas do que é politicamente correto e da incapacidade constante do ser humano de entender, que cada um faz a sua escolha. O que nos diferencia de um bandido ou de um assassino é só o ato.
Quantas vezes por acessos constantes de raiva, tivemos a plena convicção que se não fosse o resto de sobriedade mental ainda presente, mataríamos alguém. Quem já não sentiu o sangue ferver em diversas situações e circunstâncias?
Mas apesar daquilo que a sociedade diz ser certo, escolhemos o tempo todo, escolhemos aceitar que o outro entre em nossa vida, mas há variações de até que ponto o outro pode se envolver. Escolhemos com quem vamos namorar e também podemos escolher não permanecer na relação, por vários motivos. Escolhemos profissão, lugar para morar, lugares para conhecer e com quem vamos casar, escolhemos quem queremos encontrar e de quem nos despedir.
E como a vida é dinâmica, estamos sempre em movimento, lidamos também com aquilo que o outro tem capacidade para nos dar ou não. E fazemos isto com nossas paixões pessoais, com , nossos namorados e maridos. Esquecemos que eles também podem escolher se querem ou não caminhar conosco.
Quem sou eu para julgar as atitudes alheia? Quando julgo, cometo o ato falho de que o outro é tão humano quanto eu e o fato de eu não tomar a mesma decisão que ele, não quer dizer que eu seja melhor, porque certamente lá na frente, eu vou acabar incorrendo em um erro pior do que aquele a quem eu julguei.
Se prestarmos atenção, nossa vida é melhor em diversas circunstâncias se escolhemos guardar para nós mesmos, segredos inconfessáveis, destes que não contamos sequer para nossa terapeuta. É melhor quando não perguntamos, podemos não gostar da resposta, porque nossa expectativa sempre está em ouvir aquilo que queremos e não o que o outro tem para nos dizer.
Quem sou eu para julgar se alguém namora ou é casado e sai com outras pessoas ou se o sexo com um é excelente, o namoro cotidiano com o outro é tranquilo mas o sexo é meia boca e longe de ser o que você gosta na cama e indo mais longe um pouco, a confiança de abrir por inteiro o coração com uma terceira pessoa que não julga, mas que te aceita por você ser unicamente verdadeira com suas emoções, sem contudo magoar ou pisar nos sentimentos de outra pessoa.
Não acredito em fidelidade de corpo, mas sim de sentimentos. Por isto, quem sou para julgar se um homem não consegue ser fiel em seu corpo para com sua namorada ou esposa? Desde que ele se matenha discreto em preserva-la, evitando assim, sofrimentos maiores.
Tenho amigos infiéis, conheço suas histórias e no entanto, apesar de alguns deles sentirem culpa, não vejo uma razão específica para isto. A monogamia é uma questão de escolha, escolhemos permanecer assim ou não.
Mas precisamos abstrair inclusive, quando o outro não nos quer mais, deixando ele seguir com sua vida buscando de fato aquilo que realmente o satisfaz. Quando o outro nos diz não, esquecemos que somos seres individuais, esquecemos que a primeira impressão de tudo em nossa vida é nossa em primeiro lugar e os pensamentos também. E queremos impor nossos pensamentos, nossos valores, a partir da impressão que nos foi dada pela educação que recebemos.
Só não escolhemos a família em que vamos nascer, pelo menos não tecnicamente, porque dizem meus amigos espíritas que nossa escolha no mundo espiritual já é feita, para fins de resgate de vidas passadas. E infelizmente, temos que lidar com a frustração de que o outro não vai agir conforme queremos e esperamos. Ele vai decidir aquilo que é melhor para ele.
Sendo assim, apesar da frustração de determinadas pessoas, fui escolhida por algumas pessoas que não fazem parte da minha primeira família, mas que escolheram me abrir a porta de suas casas, de suas vidas e participam cotidianamente, do meu dia a dia. E a decisão foi e é pessoal e intransferível.
E a única opção que nos resta, é aprendemos a aceitar as coisas do jeito que elas são. Logo, pode parecer totalmente insano, mas eu prefiro a autenticidade de fazer aquilo que é bom para mim e se o outro não aceitar isto, ele todo o direito de não seguir comigo e de pegar outro caminho .
Eu escolhi viver, escolhi não aceitar mais a mesquinhês e a partir do momento que eu olho o outro com a fraqueza humana limitada das emoções dele, acabo por mim mesma, não me frustrando e nem me arrependendo de nada que fiz.
Quando olho para trás, percebo o quanto já caminhei e o quanto eu preciso ainda mudar, superar, moldar de acordo com aquilo que é bom para mim. Nos encontros da vida, eu tenho uma bagagem de experiências que são tão ricas quanto o conhecimento. Meus filhos, Mayara e Guilherme, sabem cada um a seu modo, que eu os escolhi e não me arrependo em momento algum do dia que eu soube que estive grávida, talvez pertubada, porque na convencional assossiação imposta pela sociedade, eu estava preocupada com os pais de cada um e não comigo, em como eu estava me sentindo e todos dois sabem muito bem disto e que eles não ousem negar.
Mas olho para o meu legado e vejo neles o brilho e a força que há em mim, ainda que um e outro tente minar aquilo que verdadeiramente eu sou, uma mulher maravilhosa, com defeitos e virtudes, com talento , intensa e suave ao mesmo tempo, carinhosa, onça e meio cobra, mas atenta ao menor sinal de inquietude, mudança de humor destes dois presentes que a vida me deu e que Deus me concedeu para cuidar.
Cada um sabe que apesar do tempo ausente, que os dois estarão all the time comigo em meu coração e que ninguém vai tirar de mim, aquilo que há de melhor de mim, eu escolhi ser mãe, escolhi dar a eles uma vida não cheia e plena de bens materiais, mas de amor e afeto genuíno, eu vou, mas eu volto, se Deus quiser, mais forte, mais tranquila, mais ponderada, um tempo para me encontrar e para me despedir do que eu não quero mais em minha vida e encontrar aquela que eu realmente sou.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Sherazade & Don Juan

Ela pensou sobre as longas horas que passou, sob o sol forte daquela privamera tão quente, que de primavera só havia o nome, que teria ainda um longo tempo de caminhada até chegar ao seu destino. Olhou para o horizonte, viu que ainda tinha muito que caminhar. Não era preciso nada mais do que algum pouco mais de ânimo e que , quem sabe, com um pouco de sorte, ali naquela estrada deserta, haveria de passar algum transporte. Mas ela sorriu pensando consigo, que ainda assim , tanto tempo depois, ela ainda amava uma boa aventura. Ficou agradecida que ainda que estivesse sol, um vento forte bagunçava-lhe os longos cabelos negros.
Havia descido há algumas horas na estação de trem, mas sabia que teria que andar para chegar até o destino final. E então, sob o sol escaldante daquela tarde, ela ao olhar para trás, viu que ao longe vinha um ônibus, decidiu continuar caminhando, saberia que uma hora ele haveria de passar por ela.
Lamentou não ter um chápeu em mãos para poder protegê-la , mas estava feliz por seu cantil ainda estar bem abastecido, sorveu um bom gole d´água e enxugou a boca com as costas da mão. E sob os óculos de sol, sentiu que o ônibus se aproximava e assim que o mesmo se aproximou mais dela, ela estendeu a mão , perguntando ao motorista para onde eles estariam indo, quando ele falou a direção, ela se sentiu satisfeita e subiu , havia ao fundo um lugar, onde ela se sentou e ficou agradecida por ser na janela, ficou imersa em seus pensamentos, aquela era senão a melhor viagem, daria uma boa história.
Olhou os casebres surgindo ao longe e notou que as pessoas no ônibus a olhavam com uma certa curiosidade. Sorriu consigo, pensando: "eles devem estar pensando, o que uma mulher de pele tão alva de traços tão diferente dos deles, eestaria fazendo no meio daquele lugar, onde quase nada havia, a não ser cactos e plantações de agave tequilana, a matéria prima da Tequila. Olhava para aquelas pequenas casas, com seus tão pitorescos personagens, homens com sobreros tão grandes que davam a impressão de que iam a qualquer momento, tombar para trás. Mulheres carregando Jarros de barro na cabeça, levando água para suas casas, crianças brincando e correndo pelo vale.
E então, começou a avistar Villas e quando chegou a última villa, pediu ao motorista que parasse, pois desceria ali. Ela sempre ficava encantada com aquela fonte logo ali , à entrada do portão, de grades tão bem trabalhadas com seus desenhos coloniais e ao passar pelo portão, viu aquele caminho de pedras tão bem encaixados, com seus jardins e caramanchões tão bem feitos com suas flores tão lindas, com seus multicoloridos lírios, rosas, angélicas, orquidéas, flores do campo, de um perfume tão suave, que a fez parar por alguns breves momentos ali, naqueles jardins tão bem cuidados e cercados de flores para todos os lados, fontes rodeavam quase toda a propriedade, com suas esculturas tão bem feitas, de querubins e a Deusa Afrodite, como um símbolo tão peculiar ao dono daquele lugar, ao passar pela porta, foi recebida por um modormo bem vestido, que lhe ofereceu um suco bem gelado, ao que ela aceitou de bom grado.
Enquanto reparava naquela imensa sala, olhou em direção ao quadro, colocado ao alto e sorriu diante da imagem que seus olhos admiravam. Então, enquanto se via ali distraída, veio a criada de casa que a tirou de seus pensamentos:
_ " Senhora, Don Juan está à sua espera em seu escritório"
_ " Obrigada Flora" - Sherazade sorriu e subiu as escadas, tirou a mochila das costas e quando entrou no escritório, viu aquele homem alto, lindo olhando para ela de braços abertos, com todo aquele sorriso que ainda , todas as vezes que ela voltava de alguma viagem, faziam-na derreter, como desde o primeiro encontro.
- "Olá minha bela , preciosa e amada esposa". E quando ela se aconchegou naqueles braços tão fortes, se sentiu a mais feliz das mulheres, nenhuma aventura era mais deliciosa, do que voltar para os braços de seu marido.
- " Olá meu amor, não via a hora de voltar para casa" . Desde a morte de Schahriar, rei da Pérsia, seu marido, achava que não iria encontrar mais a felicidade. Até que Don Juan apareceu naquele palácio, confinado junto ao harém do irmão do rei Schahriar. A esposa do novo rei, havia levado Don Juan para o palácio, afim de que ele se tornasse seu amante, mas Zherazade sabia que se o irmão de seu falecido marido soubesse, mataria Don Juan e então, assim como em seus contos , ela criou toda uma aventura, afim de que Don Juan escapasse de tão cruel destino, vestiu-se de homem da guarda real e fez Don Juan entrar em um tonel de especiarias e junto com outros soldados carregou-o para o navio da expedição de um explorador famoso, para terras do ocidente.
E então, em uma noite, após o navio chegar ao local de destino, enquanto todos dormiam, Sherazade e Don Juan conseguiram sair, sem que ninguém visse e foram para as terras onde Don Juan havia nascido, o México.
Ali , ele mostrou para ela o seu mundo, tão fascinante e tão aventureiro e intenso quanto o dela, ali eles se apaixonaram e tempos depois, vieram a se casar. Ele era um importante empresário no ramo de vinhos e tequila e ela uma renomada romancista e sempre que havia um lançamento novo de um livro em algum lugar do mundo, ela precisava sempre se ausentar, gostava de cultivar as coisas simples da vida e gostava também do anomimato, dizia que a vida era sempre uma deliciosa e intensa aventura, andar por lugares onde não conhecia e prefiria sempre a vida discreta e reservada, naquele lugar que construiram com tanto amor e dedicação.
Sorriu ao se lembrar dos filhos, Ana maria e Juan jr e perguntou ao marido, aonde eles estariam aquela hora , numa casa tão quieta.
- "Elas estão em aula com Dona Maria Júlia".
- Ah, então teremos tempo para estarmos a sós " Disse ela provocando-o , ao que ele a beijou e pegou-a no colo e assim foi com ela, para o quarto deles, queria saber tudo sobre a viagem, mas não agora, haveria muitas noites para que ela lhe contasse.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Eu te amo não é bom dia

Eu sei que, em muitas circustâncias da vida, trilhamos caminhos, tortuosos, andamos por caminhos sobrios ou naqueles terrenos movediços, mas tenho a convicção, que melhor guia que o GPS, é a intuição.
Sabemos quando algo não vai bem, no fundo , sabemos a direção certa a seguir, só que, muitas vezes não queremos enxergar. O fato de eu não gostar de pessoas mornas me atrapalha um pouco, a ter misericórdia e me vejo afastando-me de algumas pessoas que têm dificuldade de chegar ao ponto, de enfrentar com bravura os desafios e sob qualquer aspecto, ao menor sinal, de um balançar de estrutura, se sente enfraquecido e abadona sonhos, perde o foco e não se guia pelo centro de suas habilidades emocionais mais primitivas. Futilidade me cansa, falta de objetividade também, adoro aqueles que são guerreiros, desbravadores, desafiadores.
O fato que é ninguém muda ninguém, a não ser eu mesma, só mudamos se quisermos, se nos incomodamos. Me irrita ser acusada de mostrar uma direção ou um fato e uma situação e me dizerem depois, que eu quis mudar a pessoa ou a situação. Não, eu apenas dei a direção, a pessoa toma a direção se quiser, muda se quiser. E é tão fácil dizer palavras, é tão fácil falar que ama, sem o menor conhecimento de causa, dizer que sabe e que conhece o que é ou onde está entrando ou se metendo, sendo que eu ou você, sabemos, que, o que somos na essência, se pensarmos bem, estamos sempre colocando nossas expectativas nos outros e o outro se esquece, que o que ele pensa conhecer, é de fato, apenas uma 'sombra' do que realmente é de verdade.
Não são os outros que nos enganam, nós é que nos enganamos, porque de várias maneiras, somos avisados dos fatos, e fazemos todo um cenário de criatividade humana ,acerca das pessoas que nem sequer conhecemos direito. Há coisas que eu sei que preciso mudar, há outras que eu não quero mudar e sou feliz com a decisão, posso até mudar de opinião no futuro, mas por enquanto, dou-me por satisfeita e não abrir mão de muitas coisas, principalmente, de mim.
Essa eu não posso deixar nunca de lado: eu. Adoro a liberdade que tenho de ir e vir e amo quando respeitam minha prividade e eu também sou assim, só vou até onde mepermitem ir. E aprendi isto de maneira prática.
Gosto de andar com pessoas objetivas e francas, que não perdem tempo e que são tão intensas em suas vidas e que têm uma vontade quase visceral de desafios. Pessoas mornas me cansam, que não sabem se vão ou se ficam ou que precisam estar constantemente sendo empurradas para decidirem algo, não dá. Não gosto por exemplo, que banalizem o verbo amar e que o tornem tão reles.
Penso que, para se falar de amor, é preciso sobretudo tempo de conhecimento e tempo de convivência, leva-se uma vida inteira para dizer tal frase, penso que se falamos de amor, falemos em voz quase inaudível para nós mesmos, para só então, quando se passou tantas provações, já se fez presença em tantas e nas mais adversas situações, aí sim, dizer isto à quem realmente se deve dizer, pois eu te amo, não é bom dia.
As pessoas falam do amor que elas pensam sentir, acham que sentem, só para fazer bonito ou para se fazer de romântico. Não há nada de romântico em dizer o tempo todo, diariamente para alguém que você nem conhece, tal palavra. Eu te amo, você fala para filhos, pais, amigos de longos anos. Amar é algo tão sublime, tão pessoal, de fórum tão íntimo, que não se deve desperdiçar tão singular sentimento.
E estamos como a andar numa montanha russa, de sentimentos que são tão contraditórios, para nos apegar em alguma tábua de salvação ou colete salva-vidas e isto é tão comum.

Há uma letra de uma música que fala a respeito de que o tempo não pára e que o mundo também não, ele continua girando e os dias vão se indo com suas expectativas, anseios, novidades. Fala também, que "as idéias não correspondem aos fatos". E o fato é que para se dizer Eu te amo, é preciso estar junto há tempos com aquela pessoa que te é especial e vem de uma maneira quase imperceptível, naquele instante em que os olhares se cruzam e é um momento único.


Nos apaixonamos pelas idéias que os outros têm, suas características mais profundas e íntimas, o que não quer dizer que gostemos do que o outro é de fato. Ter tesão é fácil, por instinto assumimos uma postura de sentir a grata sensação de prazer de ver o outro, mas 'não enxergarmos' ou não queremos enxergar, quando ele mostra ao longo de um tempo, como ele realmente é. Por isto, quando digo que paixão cega, é a mais pura realidade.
Gosto da intensidade que a vida me apresenta e amo os desafios, adoro a minha liberdade e respeito a do meu próximo, no delicado espaço de linha tão tênue, vou traçando metas, me libertando do que eu não quero e deixando livre àqueles a beira do meu caminho. Alguns, eu tenho certeza que não vão voltar, porque simplesmente nada têm a ver comigo, mas outros, sei que a cada dia que passar o mundo vai continuar girando e fazendo com que os caminhos se encontrem e sem expectativas, vou caminhando, linda, leve, trabalhando , construindo o meu próprio caminho, sem contudo, atrapalhar o de ninguém.
E deixar que as coisas fluam de maneira natural e livre, pois confio que o amor chega quando estamos distraídos e cuidando do nosso próprio jardim, que somos nós.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

A vida como ela é...

Esperou tanto tempo por aquele momento, desde os quinze anos , já sonhava em se vestir de noiva, aos poucos foi fazendo o enxoval, como quem sabe que no momento e na hora certa, aquelas toalhas tão lindas, com bordado e renda, seriam usadas, ou o jogos de cama tão cuidadosamente engomados e guardados em papéis de seda azul para que não amarelassem, afinal, não era sabido quando aquele tão sonhado momento chegaria.

Os anos foram passando, os relacionamentos foram acontecendo e um a um, de algum modo se desfaziam, como pétalas de rosas que começavam frescas e lindas das gotas de orvalho matinal e se eram jogadas como folhas ao vento, destruídas nos ímpetos das descobertas dolorosas da vida e da falta de sentimento humano. E assim, ela seguiu por uma estrada totalmente atípica, o primeiro filho chegou antes de que fosse pedida em casamento, um caos, para os idos dos anos 90, a vergonha se apossou dela de tal maneira que demorou cinco meses para contar para sua familia, veio a primeira filha e uma situação completamente avessa ao que ela queria, pois não mais amava e nem sentia a menor vontade de estar com o pai de sua filha, aliás, ia terminar o namoro assim que ele chegasse, mas ao saber da gravidez e diante da insistência de seus pais, que "eles teriam que assumir uma nova vida agora", ela por pressão, aceitou. Não durou nem dois anos, ela até que aguentou bem. Mas já sabia do fracasso antes mesmo de começarem a nova vida. Aguentou pelos pais, pela sociedade, mas ao longo do tempo, foi percebendo, que a sociedade estava se lichando para ela e ao perceber que ninguém a traria de volta ao mundo feliz que ela mesmo se via, tratou de dizer ao pai de sua filha, que não o amava mais, ficaria muito feio e ele não precisava saber que não o amava mais desde antes de saber de sua gravidez. Ao se separar, começou a mudar a vida, o cabelo e voltou a ser como sempre foi. Nada de prisões, nada de grilhões, um casamento, não é uma prisão e nem pode ser visto desta maneira, dane-se a sociedade, porque de verdade, quem vai saber como é que é estar com o outro , é só você, quem vai comer o saco de sal de junto com ele.
Uma amiga usa este ditado: "Para conhecer uma pessoa, é preciso se comer um pacote inteiro de sal com ela", eu nunca tinha entendido o ditado, até perceber que, o sal, é um dos poucos produtos que demora para acabar, se você for solteiro então, ele pode durar anos. E é com a convivência que você vai saber o teor e o sabor da pessoa que você durante o elan inicial da paixão, ficou muitas vezes cego e não percebe muitas vezes, que certos defeitos não dá para deixar pra lá.
E aí outros relacionamentos vieram, ela quase casou uma certa vez, com alguém improvável, mas que a amava e gostava do seu jeito indomável de ser. Entre eles, existia um respeito e uma cumplicidade única, mas aí a vida, faltando bem pouco tempo para se casarem, levou-o durante uma viagem rápida , mas que ali encerrou, toda uma história de quase três anos.
Ela adoeceu, perdeu o gosto pela vida, pelas cores e diante da dor da perda intensa, ela se entregou, precisando de cuidados especiais, foi onde os amigos e a família tomaram providência, para que ela fosse tratada e ela foi. E lá, tão longe de casa ela descobriu que outras pessoas eram muito mais doentes do que ela e o seu 'pequeno problema', poderia ser tratado, sendo que tinham tantos outros seres humanos, em situações muito piores do que a dela.
Ela, como a fênix, se restaurou e viu que poderia seguir adiante, construindo outra vez uma vida plena e dentro das possibilidades, feliz. Outros amores vieram, mas ela achou melhor ficar como ela estava, até que encontrou alguém especial, alguém que a fazia se sentir dez anos mais nova, mas que com toda a sua experiência, poderia acrescentar-lhe tanto. Com ele descobriu tantas coisas de si mesma, mas deveria ter-lhe dito desde o princípio que o amor era muito mais forte do que a amizade que os unia, mas para não perder o que já tinham, decidiu silenciar-se, até que quando conseguiu contar, já não havia mais nada a fazer e veio o segundo filho, não foi como planejara e ela sentia a dor da mulher que se deixa sentir todas as dores universais, quando ele se casou com outra pessoa, mas firme , seguiu adiante, encontrando novos amores, novos amigos, novidade de vida, e começou a pensar em si. Encontrou novamente a estrada para uma nova perspectiva e parou para pensar, já não era mais tão jovem, nem tão bela quanto sua mocidade, mas tinha em seu sangue a experiência e a alma lavada de tantas pesadas estradas pelas quais tinha passado e suas sandálias, ainda tinham a poeira dos desertos que tinha atravessado.
Ela ainda sonha em casar, mas com alguém que ela ame e que a ame do jeito que ela é, ainda tem um gênio indomado pelas circustâncias da vida, a decisão por sua ampulheta, precisamente observadora das muitas malícias que o ser humano em seus desdobramentos apresentam, conheceu de perto a sedução e o poder de persuasão que homens e mulheres têm para manipularem a seu favor em suas conquistas pessoais.
Aprendeu a se defender dos males, a não fazer planos, a não ser profissionais. Aprendeu a sobreviver as tempestades da vida, a ser objetiva e direta e se guiar pelo seu instinto quase sobrenatural, acha que homens e mulheres devem por si só, respeitar o espaço e a individualidade um do outro, a falarem sempre a verdade e nunca fazerem de qualquer relacionamento uma prisão, a partir do momento que vira obrigação, passa a não ser mais gostoso e nem leve.
O outro tem que se sentir à vontade para estar com você e a ser feliz com você. Quando cobramos do outro aquilo que ele não pode nos dar, temos duas opções, ou deixar como está ou permanecemos sozinhos. Ela queria viajar, conhecer o mundo e suas culturas tão adversas, estudar e continuar fazendo as coisas que ela mais amava, para ela mesma. E pensando nisto tudo, ela achou melhor ficar do jeito que ela estava, sozinha e então, não fez mais o enxoval, disse "não" ao pedido de casamento e devolveu a aliança tão linda, ( que ele não quis receber de volta), não queria ser "mãe" de mais um, já tinha seus dois filhos e descobriu que prefere mil vezes, alguém que a ponha no rumo certo e se tiver o domínio, consiga domar sua impetuosidade de mulher senhora de si, como ela sempre foi.

A sorte muitas vezes nos encontra dormindo

Se tenho sorte, eu sei que ela é meu norte, para muitas coisas que tenho conseguido até aqui,
Se eu não tenho tempo para a morte, tenho a certeza, de que ela um dia há de me encontrar, mas até lá, meus caminhos eu vou trilhando dia a dia, fazendo minhas escolhas, meus acertos, desacertos, desencontros de muitos caminhos.
Muitas vezes, percebo que se eu ando distraída, as coisas fluiem como elas têm que ser, no rio da vida, não é preciso fazer força, porque até mesmo para as águas passadas que não movem o moinho, o rio não precisa da minha ajuda, ele corre sozinho.
Posso escolher em que águas irei nadar, aonde devo pisar e se dá pé, para que eu não venha me afogar. Acontece que tenho um bote salva-vidas o tempo todo comigo e nos bolsos de minha calça de tactel, encontro também, pequenos tubinhos de cola, para as horas de perigo e também alguns sinalizadores, nos momentos de total escuridão dos mares revoltos... sorte... pura sorte... ou como bem dizem cautela de gata que não morre escaldada e nem teme mais as águas frias que a vida insiste em me derrubar.
As vezes um pouco a mais de sorte, só mostra que tudo se encaixa no devido tempo, a sorte nos dá a direção certa, muitas vezes intuitiva, de que nem sempre teremos aquilo que queremos, mas sim, aquilo que precisamos. A sorte já me tirou de muita roubada, de relacionamentos fadados ao fracasso e me guiou como um farol, para solos mais firmes e menos movediços.
Tenho sorte nas pequenas coisas e nas grandes também, ela é minha companheira até em meus momentos de solidão e silêncio. Tenho sorte até quando estou sem grana e ela sempre me aponta novos rumos de ganhar o meu pão de cada dia.
A sorte muitas vezes, se transforma em insights e me mostra o "modus operanti" daqueles que de alguma maneira cruzam o meu caminho. A sorte me faz ficar em silêncio e no silêncio perceboa teia de aranha que muitas vezes, querem me prender, mas a minha companheira diária, tem um barril de graxa e me deu um potinho para andar comigo, aonde quer que eu fosse.
A sorte muitas vezes nos encontra dormindo, que bom que estou sempre de olhos abertos, mesmo sonhando...